A cirurgia plástica estética em jovens e suas consequências

Para psicólogo, pais não devem ceder por causa de atitudes dramáticas dos filhos


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Além da recuperação da cirurgia, adolescentes precisam de apoio psicológico, garante especialista

O fato de ter o corpo desenvolvido não significa que a adolescente está pronta para encarar uma cirurgia plástica estética. Para o psicólogo e professor da PUC-SP Antônio Carlos Amador Pereira, as pessoas que buscam uma cirurgia plástica estética, em geral, “têm uma ideia fantasiosa do resultado”. No caso das adolescentes, o corpo está pronto, “só que a cabeça não está, e a imagem corporal ainda está se formando”.

- Eu acredito que, do ponto de vista psicológico, a idade mínima é 20 anos. Adolescentes ainda são muito imaturas e, se o resultado da plástica for diferente do que elas projetaram, pode criar graves problemas na formação da identidade dessas jovens.

Pereira diz ter certeza de que o acompanhamento psicológico antes e depois da plástica é fundamental para ajudar a jovem a “avaliar os pontos negativos e positivos das consequências da cirurgia”.

Foi o que aconteceu com a estudante Daniela Garcia que, aos 16 anos, quis diminuir o tamanho das mamas. Ela conta que viu seu corpo mudar após a cirurgia e, no começo, estranhou o resultado. A ajuda de uma psicóloga, diz ela, “foi fundamental”.

- Passei do sutiã 42 para o 40 e comecei a usar blusas regatas, mas era estranho ver os meninos olhando para mim. As consultas com a psicóloga foram bem legais, consegui entender melhor o meu corpo.

Em geral, toda cirurgia plástica, seja reparadora ou estética, requer cuidados bastante específicos nos pré e pós-operatórios. No caso de adolescentes menores de idade, também é essencial a autorização escrita dos pais - ou dos responsáveis - para a realização da cirurgia. Mas o psicólogo Antônio Carlos Amador Pereira alerta: se os pais não acharem prudente a operação, “podem e devem proibir a cirurgia”. Para ele, o importante é ter diálogo.

- Adolescentes são muito impulsivas, por isso a postura dos pais, contra ou a favor, é muito importante para direcionar. Eles não devem ceder por atitudes dramáticas porque, para a adolescente, se ela não fizer a cirugia “na hora”, acha que vai morrer! Cabe a eles decidir, junto com o médico e o psicológico, se é a hora certa.

Para Luciana Pepino, quando os pais concordam com o procedimento, mais do que autorizar, eles devem participar de todo o processo, “para tirar todas as dúvidas e passar tranquilidade”.

Como os pais de Dani moram fora de São Paulo, foi a irmã mais velha quem acompanhou toda a sua saga “para usar uma regata”. Valéria Garcia diz que se preocupou bastante com a recuperação da irmã.

- Tinha receio de que ela perdesse dias na escola por causa da operação ou que ficasse com cicatrizes muito grandes. Durante as consultas, senti confiança na médica e acabei orientando os cuidados do pós-operatório em casa.