Sociedade de pediatria vai discutir tema em congresso nacional no dia 12.
A maioria dos pediatras não orienta corretamente os pais sobre a posição correta para os bebês dormirem - de barriga para cima -, afirmou a coordenadora do Núcleo de Estudos Sobre Sono da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Magda Lahorgue Nunes.
Nesta semana, a entidade divulgou nota de apoio à campanha lançada em junho pela Pastoral da Criança, que orienta sobre a posição correta para o sono.
A orientação para dormir de barriga para cima será tema de conferência no Congresso Brasileiro de Pediatria, que será realizado em Brasília no dia 12 de outubro.
A pediatra Magda Lahorgue Nunes, da SBP, diz que estudos comprovam que bebês que dormem de barriga para cima têm 70% menos chance de morte súbita, uma das principais causas de mortes de crianças menores de um ano.
"A maioria dos pediatras, em torno de 90%, orienta os pais a colocarem o bebê para dormir de lado. Mas o problema é que a posição lateral não protege da morte súbita. Não é que os pediatras estejam orientando errado, mas é que a sociedade (de pediatria) só resolveu tomar uma posição em relação ao tema agora. Mas dar essa orientação na Europa, nos Estados Unidos (países que já se posicionaram sobre o tema), é errado. E se, a partir de agora, os pediatras continuarem dando a orientação para posição lateral estarão errados", explica Magda.
Magda diz que a morte súbita é quando a criança morre durante o sono de forma inesperada, sem que tivesse algum sinal indicativo de problema de saúde. O diagnóstico de morte súbita só pode ser dado, disse a pediatra, após uma necropsia.
A pediatra afirmou ainda que não há informações precisas sobre o que causa a morte súbita, mas que há comprovação de que alguns fatores favorecem a mortalidade de bebês, como o tabagismo durante a gestação e bebês que convivem com fumantes.
Magda comandou dois estudos sobre a morte súbita, com crianças de até um ano, no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, os dados mostram que 0,4 em cada mil crianças morrem por morte súbita por ano. Em Passo Fundo, o índice aumenta para 1,5 a cada mil.
A pediatra explicou que em vários lugares do mundo a orientação sobre dormir de barriga para cima já existe há 20 anos.
"Aqui no Brasil existe uma dúvida imensa do pediatra porque é uma conduta enraizada na cultura, que é de colocar de lado. Mas culturalmente no Brasil não se coloca de barriga para baixo, que é pior."