"História de que jovem subiria audiência é balela", diz Glória Maria

Em entrevista exclusiva, apresentadora diz que Oprah Winfrey é a Gloria Maria dos EUA


Felipe Panfili/AgNews

Glória Maria Matta da Silva acertou com a Globo a sua volta à TV. Em janeiro de 2010, chega ao fim os dois anos de suas férias sabáticas.

Prestes a completar 35 anos de profissão, a jornalista se tornou o maior ícone feminino do telejornalismo brasileiro. Estreou como repórter em 1971, mas só mostrou seu rosto na TV em 1974.

No Jornal Nacional, foi a primeira repórter a entrar ao vivo. Glória coleciona feitos como ter sido a primeira jornalista estrangeira a entrevistar, em 1977, o então recém-eleito presidente dos EUA, Jim Carter. Também foi a primeira mulher a cobrir uma Guerra, a das Malvinas, para uma TV brasileira.

A jornalista também cobriu Copas e Olimpíadas, além de ter estado em lugares que vão do Saara à Lapônia.

Nesta parte da entrevista exclusiva ao R7, ela fala sobre sua volta, conta que tem recebido propostas de outras emissoras e comenta os boatos de que teria saído do Fantástico para dar espaço a uma apresentadora mais jovem, Patrícia Poeta. Confira.

R7 - Foi especulado, no momento da sua saída do Fantástico, que o programa precisava de uma apresentadora mais jovem, que isso poderia subir a audiência. O que você achou de a audiência do Fantástico ter caído após sua saída [o dominical da Globo caiu de 28 pontos de média anual em 2007, último ano em que Glória o apresentou, para 24 pontos na média anual de 2009 até agosto]?
Glória Maria -
Acho que isso você tem de perguntar para a TV Globo. Com certeza, essa história de apresentadora mais jovem não tem nada a ver. Falaram isso de maldade e de inveja. E a mentira tem perna curta. Eu saí por livre e espontânea decisão. Negociei um ano com o [Carlos Henrique] Schroder [diretor do jornalismo da Globo] para sair. Acho que não foi preciso muito tempo para ficar provado que essa história de que apresentadora mais jovem subiria audiência era uma balela. Porque se isso fosse uma coisa certa, a audiência do programa estaria bombando, estaria tudo maravilhoso...

R7 - Você acha que ainda tem lugar para você na Globo?
Glória -
Claro que tem. Tem o Jornal Nacional, tem o Fantástico. Tem a reportagem. Tem horário no domingo, no sábado. É só a gente chegar que dá para fazer. Afinal, não tem nada que está bombando, bombando...

R7 - O que você pretende fazer na volta à Globo?
Glória -
Vou fazer o que eu sempre fiz: jornalismo. Nunca deixei, nesses 34 anos de Globo, de fazer jornalismo um dia sequer. Fiquei 18 anos no Jornal Nacional. Fiz dez anos o Fantástico. Fiz Jornal Hoje, Globo Repórter. Então, quando eu voltar, vou fazer a mesma coisa. Já estamos tendo reuniões e conversando para ver como é que vai ser. Acho que eles querem fazer alguma coisa, mas ainda não tenho nada fechado.

R7 - Você sairia da Globo para ir para uma outra emissora?
Glória -
Ai... Olha, Miguel, a verdade é a seguinte: nunca pensei em ter duas filhas e hoje estou criando duas crianças. Nunca digo: "dessa água não beberei". Tudo que tenho profissionalmente eu devo à Globo. É minha segunda família, tanto que me deram esses dois anos sabáticos. Mas é aquele negócio: eu recebi e tenho recebido propostas, graças a Deus. Mas nunca aceitei. Até agora nada me seduziu. Mas...

R7 - Seu contrato com a Globo vai até quando?
Glória -
Ele vai até 2012. Então, se quiser me levar teria de romper esse contrato.

R7 - Você pensa em deixar a TV?
Glória -
Na hora em que eu tiver de parar de trabalhar, eu deixo. Mas ainda não está na hora. Ainda tenho muita coisa para fazer. Ainda tenho uns 20 anos de profissão mais ou menos.

R7 - Você não tem vontade de fazer um talk show, como uma espécie de Oprah Winfrey brasileira?
Glória -
Todo mundo diz que eu sou a Oprah brasileira, mas eu acho que ela que é a Glória Maria americana. A única diferença entre nós é que ela ganha um caminhão de dinheiro e eu não. Hoje, eu só quero saber de cuidar das minhas meninas... Mas sabe-se lá, né? Se for uma coisa que me seduza, eu toparia. Tem de ter um desafio, uma coisa nova. Fazer talk show não é novidade. Só se eu conseguir fazer de uma maneira nova. Tenho orgulho de ter sido pioneira em todas as coisas do jornalismo. Sempre fui uma mulher que abriu caminhos. Fui a primeira negra e única apresentadora que ficou dez anos no Fantástico. Também fui a única que pediu para sair. Portanto, se for para fazer algo que todo mundo faz, eu estou fora!

R7 - O que você vai achar se te colocarem de repórter na Globo?
Glória -
Eles me pagam para trabalhar. Então, quem decide o que eu vou fazer, se é apresentar ou fazer reportagem, são eles. Além disso, outras funções estão nomeu contrato, como editar, produzir. Eu sou jornalista. Eles sabem muito bem o que eu dei para a TV Globo nesses anos todos em termos de credibilidade. Espaço para mim nunca faltou.